segunda-feira, 1 de março de 2010

HTPC - informações sobre os processos de aprendizagem da escrita

Contribuições à prática pedagógica – 1

As informações sobre os processos de aprendizagem da escrita indicam que:

• É preciso planejar situações em que os alunos sejam convidados a escrever coisas, cuja forma escrita não sabem de memória, pois é isso que permite ao professor conhecer suas hipóteses, descobrir quais idéias orientam as “estranhas” escritas que produzem e oferecer boas situações de ensino aprendizagem.

• São muitas as questões que se colocam para os alunos quando eles têm que escrever e não estão alfabetizados: Quantas letras pôr? Quais letras pôr? Por que meu colega escreve tão diferente de mim? E muitas são também as questões que se colocam quando eles são convidados a ler a própria escrita: Por que é difícil ler o que escrevo? Por que sobram letras? Por que as letras parecem estar fora de ordem? Por que há tantas letras iguais em uma mesma escrita? Por que eu leio a mesma coisa de um jeito diferente do meu colega? ... E assim por diante. Ou seja, escrever e tentar ler a própria escrita representam bons desafios quando ainda não se sabe ler. Ao escrever é preciso tomar decisões sobre quantas e quais letras utilizar. Ao tentar ler a própria escrita é preciso justificar para si mesmo e para os outros as escolhas que foram feitas. Parece pouco, mas é assim que se aprende... é isso que faz da alfabetização um processo de análise e reflexão sobre a língua, e não de memorização.

• Nesse período em que os alunos ainda não se alfabetizaram e estão ocupados em descobrir quantas e quais letras são usadas para escrever, o uso da letra de forma maiúscula é o mais recomendado, pois suas características permitem que eles analisem as letras separadamente, distinguindo-as umas das outras com facilidade – além de serem também mais simples de grafar. A letra manuscrita, por ser contínua, não ajuda os alunos a identificar quantas e quais letras estão escritas, pois nem sempre é observável onde uma acaba e a outra começa. Depois que eles se alfabetizam, aí sim é o momento de ensiná-los a escrever a letra manuscrita e de exercita-la para que escrevam rapidamente e de forma legível.

• A entrevista individual com os alunos (sondagem) é um recurso para identificar suas hipóteses de escrita, não é uma atividade didática de sala de aula. A realização desse tipo de entrevista só é necessária quando o professor não consegue identificar as hipóteses de seus alunos por meio das escritas que eles produzem nas atividades escolares cotidianas.

• O desempenho dos alunos nesse tipo de situação depende de se sentirem seguros de que não serão recriminados ou punidos por cometer erros: é preciso criar condições para que se sintam à vontade para escrever e saibam qual é o objetivo dessa proposta. Dificilmente o professor conseguirá faze-los escrever como pensam se eles já estiverem habituados a uma prática sistemática de correção dos seus erros de escrita. Nesse caso, será necessário seduzir os alunos, convencê-los de que se trata de uma situação nova e diferente, porém importante para o professor compreender como eles pensam.

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